Ando a procura do tempo atrás do aplauso
Travestida de lamúrias
Sem papel ou causo
Espero que as portas abram numa investida
Quer queira esta vida
Quer queiram as injúrias
Quando o homem contracenou com seu destino
Criei o melhor roteiro
Só por desatino
Mas perdi toda a graça que não dei
Nos olhos dos insanos
Hoje suplico a paz de meu caos derradeiro
Ah, o que fiz neste teatro com tanta platéia?
Escassa e parca indumentária!
Louca e lírica tal Medéia
Para Fausto seria uma
tal devassa
Ou para Otelo tudo confessaria
Mesmo com fé triste e ordinária
Saio de cena com meus planos em decadência
Devorando uma esperança
Réplica da decência
No mundo procurando
As vontades que considero alheias
Mas carrego a cortina como herança.