31 de jul. de 2015

INVERNO NÃO É ESTAÇÃO É PROVA DE VIDA



Em Caxias do Sul (e região), a umidade é tanta que gozamos de um privilégio único. A bunda agradece. Explico. Pode-se comprar o papel higiênico mais mixórdia que existe, que ele estará sempre macio devido à dita umidade. Alguém teria que levar vantagem, e logo quem menos aparece, ou sei lá, nos dias de hoje está em alta...
A falta de sol é tanta no inverno, que inventaram um medicamento para repor a vitamina D, isso é a que só o sol dispõe, pois é, ingerido em gotas. Vamos lá. Que medicamento é este? São gotas de sol, poupe-me. Vigarice para cima de trouxas, e quantos! É só esperar o sol surgir e dar um passeio sob ele, mas não use um emplastro de bloqueador. Aí está a falta da bendita vitamina. Como o sol pode penetrar a pele se vivem melecados de protetor solar? Os laboratórios agradecem.
Quem reside em condomínios sabe que no inverno a “coisa fede”, um tal de amontoar roupa... E vai lá, não encontra meia, camiseta... Vai no “monte”, vira do avesso e usa. “Porquice”? Não, desespero. Muitas vezes, nem a secadora seca, deixa tudo úmido. Ah, e um dia sai o bendito sol. O panorama é extasiante, um condomínio, visto de longe parece uma favela, é roupa nas janelas, nos varais, nas escadas... Fedor de mofo. Cheiros de desinfetantes... E há também vasos que entopem, mas devido ao frio é maçante fazer o serviço, vai descendo aos poucos.
Tudo culpa do frio.
Na hora do banho, quem não dispõe de estufa para dar uma “aquecidinha” no banheiro, não tem muita coragem, que feda mesmo! Mesmo com estufa, para se despir é purgativo, até tirar toda a roupa…Três meias, camisetas, três blusas, cuecão... Peça por peça. Uma pilha de roupas e por último o resto, mas o banheiro está quentinho. Findado o banho, veja que o banheiro está uma delícia, dá para ficar pelado. Vestir roupa limpa, e bastante, porque do lado de fora está congelante. Mesmo ritual, e pqp!, se sai do banheiro suado, devido à estufa e ao exercício de se vestir. Como não morrer de pneumonia? E lá fora está um freezer, e o imbecil todo suado.
Na hora de dormir é outra tragédia anunciada, é claro. Quem tem condições de usar um lençol térmico até se dá bem, a cama já está quente, mas mesmo assim, é aquele inferno porque literalmente, a gente tem que se “descascar”, tira meia, tira manta, tira blusa. Sinceramente, eu já fui dormir de pantufas. Sem lençol térmico complica, porque os pés estão azulados de frio, aí apela-se para uma bacia com água quente, mas o pé está tão frio, que quando encosta na água faz “shhhhhhhhh”, uns dias depois se sabe que o resultado destes escalda-pés em água quente são as bolotas de frieiras. Então começa o martírio. Os pés ficam doloridos e é só dar uma esquentadinha na temperatura que começa a comichão. É tão terrível que se aprende a orar, fazer promessa etc., para que chegue a primavera.
Para quem tem que pegar ônibus é de penar, lotado, “bafão” no cangote, tossem na tua cabeça, que o cabelo voa, entram no ônibus todo fechado comendo banana, sem contar que alguns não conseguiram evacuar antes de sair e aí… É que no inverno a alimentação é mais pesada e forte, batata doce, pinhão, pimenta, mondongo, feijoada, mocotó, sopão de repolho com ovo... Depois culpam o gado pelo efeito estufa. Ah, desembarcar do ônibus e respirar aquela neblina congelante, que alívio! Três dias depois, bronquite aguda.
Sair de carro não é luxo, mas se não tiver ar condicionado, é o mesmo que ficar no box embaçado do banheiro, ninguém te enxerga e nem tu enxerga alguém, meu caro.
Desejo sinceramente, que ninguém necessite de médicos nesta época, e toma lá. É a estação onde a profissão mais rende. Coitados dos “cof, cof, cof”. Às vezes estão com uma broncopneumonia, mas até o médico descobrir vai longe, porque esta é uma maneira do coitado do paciente passar (pagar) por todos os exames e laboratórios, até vencer a consulta e ter que pagar outra. Bem, é por isto que os idosos morrem no inverno. Eles não têm como correr tanto.
Apesar desta sofrível estação, creio que ainda nos queixamos em demasia. Aqui, no alto da Serra, ainda contamos com a bênção de não conviver com as enchentes, próprias da época aqui no Sul.
Mas não descarto minha crítica e a despejo contra a má visão dos governos (descaso e falta de prevenção) e a ignorância do povo. É justo.
Não querem entender que há perigo em construir perto de rios e arroios, e o que é pior, não usufruem dos esclarecimentos de como dar destino ao lixo. E tudo vira lixo, de fato.
Quando mesmo é que no Sul do Brasil começou a fazer frio? Estou esperando um governo inteligente (alienígena) que crie uma lei para que as empreiteiras, construtoras e afins instalem, obrigatoriamente, sistemas de calefação, pelo menos nos banheiros dos prédios comerciais e residenciais. Essa não é ideia minha, é uma necessidade do povo do Sul, mas como aqui é o Brasil, tudo é tropical. Abacaxi, banana, governo...


8 de jul. de 2015

SILÊNCIO

O silêncio chegou acanhado sem pedir licença
Assentou-se na relva inquieta, tão só...
Foi quando o mundo resolveu reclamar
Que a vida é curta
Que o tempo passa
Que a saudade é viva
Que o pranto ilude
Que o amor foge tão fácil...
Tão de repente
E se ficar, só o tempo, a vida e silêncio dirão
É tão duvidoso crer só na palavra!
Estafante sonhar sempre o mesmo sonho
Mesmo que ele finja ser um pesadelo...
Quando o sol raiar ele estará esperando
Que o alimentem com uma bela promessa
Quão vaidoso e desonesto ele é!
Deve-se silenciar os jardins da alma
Para que o coração pare de contar borboletas
Ah, e elas são tantas
E tão indolentes...
Vivem em todas as fontes
Até na solidão.
Ai, se o amor tivesse voz
Assim como o mar, os rios...
E se sozinho soubesse viver!