7 de nov. de 2014

HINO ÀS MÃOS


E quando olhares para as minhas mãos
Verás que não tive piedade delas
Nem elas se apiedaram de mim
Valeram-se do ofício de agir

Na inocência juntavam-se para brincar
Na juventude para acenar
Na maturidade para orar

Minhas mãos têm a idade de todas as eras
Se no passado colhiam dores
Para transformá-las em alimento
É para hoje te saciar

Durante o sono ficam imponentes
Durante as dores, impacientes
Durante as esperas, sobre os ventres

As mãos dadas, dadas com a esperança
Calosas e suaves como a fé
Ornadas com os elos de toda experiência
Capaz de movimentar o silêncio

Na guerra com outras mãos se despedem
Na miséria juntam-se à alma que as hospedem
Na paz entregam o coração aos que pedem

E quando olhares para as minhas mãos
Verás que o labor nelas está escrito
Nem as dúvidas lhe negam o tato
Valendo-se da vida para moldar

Ornaram os vasos com flores ditosas
Ornaram as dores mais caridosas
Ornaram amores com muitas prosas.