Inédito
é o tempo, que surge entre o tempo, o espaço e o vácuo.
É
um tempo que não passa, passou e está passando...
Inédito
é o filho, que vai nascer com o nascimento,
É
com o filho que nasce o tempo que não vai passar do tempo.
Inédito
é o pai, que vai ser pai depois de filho,
E
vai ser novo, e vai ser bobo, porque vai passar o tempo.
Inédita
é a mãe, que vai nascer novamente ocupando o espaço do tempo.
Vai
embalar o tempo, na madrugada embrulhado em fraldas...
Inédita
é a paciência, que chega sempre atrasada,
Trazendo
um tempo que fede a mofo, bolor dos ineditismos.
Inédita
é a idade, de tão nova, brilha de esperanças.
Sempre
faz a balança pender para o lado do mesmo tempo.
Inédito
é um novo dia, porque ele chega nu e limpo,
Bate
na janela com cinismo se achando o dono do tempo.
Inédito
é o perdão, que o pecador não vai perdoar,
Vai
deixar a cura para o tempo, porque só ele é argumento.
Inédito
é o solo, nunca é o mesmo para os mesmos pés,
Mas
os pés voam sem tempo, para um tempo que chamam de futuro.
Inédita
é a serena calma das portas que se abrem ao amanhecer,
Porque
ela só traz o tempo, mas questiona a boa vontade.
Inédita
é palavra que invade a boca do inocente,
Que
aflora com risos, na dúvida patética do tempo.
Inédita
é a vergonha que se oculta na pressa,
Deixa
passar em branco a vida, por falta de tempo.
Inédito
é o homem, que transforma seu lar como exemplo de Pátria,
E
com o tempo faz da Pátria seu lar como merecimento.
Inédito
é o amigo, que estende a mão até no escuro,
Não
faz do tempo um medo, mas da vida um grande tempo.
Inédito
é o oculto, que fecha os olhos dos cegos que sabem tudo
Pela
sabedoria do além tempo e do saber fecundo.
Inédita
é a morte, que chega em dúvida e vai-se em luz,
Traz
consigo o trauma do medo de nascer com pouco tempo.
Inédita
é a oração, que fecha o dia da realidade,
E
sonha um tempo que ora para todo o sempre.
Inédita
é a utopia, que se acredita na promessa feita à massa,
Porque
da necessidade faz-se crédulos em largo tempo...