19 de out. de 2014

EXCLUIR DEFINITIVAMENTE


Penso que escrevi bem indefinido um poema casual, todo banal
Metade de uma página imortal
Outra metade informal
Delírio fatal
É como uma tecla de um piano semitocada, surreal, nada genial
Um texto indelével e outonal
Não será nada original
Portanto, sem final
Se falo de amores, d'uma grande saudade crucial, não é bom sinal
É meu dever quase passional
Só escrever, afinal
Sou racional
Quando os pensamentos ficam em estado terminal um caos invernal
Amasso este rascunho brutal
Rasurado num jornal
Em diagonal
É porque já é tempo emergencial para eu desfazer todo este nulo pedestal
Minha lágrima não é feita de cristal
Posto tudo isto como arsenal
É poesia criminal
Tanta mesura faz um sonho matinal para uma inspiração louca e frugal
É assim, sem paixão formal
Igual cantiga de Natal
E uma dor mortal...
Que penso incondicional, tratar-se estupidamente
De um poema esmigalhado e incoerente
Meu caro mestre incompetente,
Vou me excluir definitivamente.


13 de out. de 2014

AMAR


Fala-se de amar... Dizer é fácil
Sentir-se amar é necessário fidelidade
Uma coragem tão verdadeira
Que até a verdade duvida
Mas dizem que o amor é felicidade...

Ser feliz sim, é só uma prova de amor
A palavra infelicidade não deveria existir
Posto que estar-se feliz é tão fácil!
É um bocado de sol na janela
E quantas vezes ver a lua sumir...

Amor nunca se guarda, nunca termina
É sentir-se no meio da solidão
Com todo aparato da inteligência
Amar-se ou dar-se
Eis a complexidade da vida de antemão.


10 de out. de 2014

HAVER


Há um mundo encantando num pensamento perdido
Basta apanhá-lo para destruí-lo
Quanta insensatez!
É encontrar um sonho invadido
Numa manhã de orvalho
A prantear uma madrugada
Na plenitude de sua timidez

Há tantas ideias loucas que rondam as impetuosidades
Nem todo delírio colore a vida
Nada contém tudo!
Somente a curiosidade
Que ameniza as mentes iradas
Mas, só quando o tempo fica mudo.

Há muito silêncio dentro do livro de cada destino indefeso
Como uma sinfonia desvairada
E quanta justiça!
Casos de um caminho aceso
Que se lança aos encantos
De uma ciranda de esperanças
Numa jornada omissa

Há um porvir desinteressado que sempre teima em ser feliz
Basta convidá-lo para possuí-lo
Quanta persuasão!
Nem sempre os dias são pueris
Nas auroras da boa fé
Mas todos alcançam o sol
Sem nenhuma afetação.