17 de jan. de 2015

DA JANELA

Já que o amor insiste neste mundo afobado
Passando pela minha janela
Como um condenado
Dou-lhe ouvidos
Até aceito ser louca também
Assim como tempestade passageira
Me divirto como ninguém
Em amar tudo que passa por uma janela
E tudo é passageiro...
Ai que dó de morrer assim
Ou não...
Com o fio da meada na mão.

O vento fecha a janela em uma noite agressiva
Fecha com ela meu sonho
Qual deusa fugitiva
Espiando pelas portas
Onde os amores pedem asilo
E são tantas ilusões desiquilibradas
Que até em lágrimas tropeço e vacilo
Em meio a um vendaval tristonho
E tudo passa...
Ai que dó de ver o espelho chorar
Ou permitir...
Mesmo sem nada refletir.

Já que o tempo se mostra despido
Para a vida que passa
Neste mundo envelhecido
Estou de malas feitas
Trancando minhas janelas
Vou viajar para toda era
Não respeitarei as cancelas
Porque não carregarei a desgraça
Para meu deleite...
Ai que dó de ser de repente
Ou não voltar...
E tudo amar.



9 de jan. de 2015

PALAVRAS


Palavras que voam, que têm olhos
E deixam-se pousar lânguidas
Nas asas de uma borboleta
São palavras eternas
Maternas
Se voam são ternas
Se não voam...
Ah, são palavras sem borboletas.

Palavras que escutam, que fogem
Das ventanias traiçoeiras
Para um mundo perfeito
São palavras faladas
Amadas
Um pouco desajeitadas
Só escutam...
Ah, são palavras sem sujeitos.

Palavras beijadas em uma lauda
Espreguiçam-se na alma do poeta
Como um sonho descabido
São palavras cheias de dias
Vadias
Saturadas de nostalgias
Em bocas beijadas...
Ah, são palavras sem amores perdidos.

Palavras que oram às esperanças
Vagueiam pelo tempo maravilhadas
Escrevendo até caminho alheio
São palavras despidas
Divididas
Mas jamais esquecidas
N’alma dos que oram...
Repletas de desejos e anseios.