30 de ago. de 2014

DO AMOR

Amor, somente amor
É idioma universal
Ninguém inventou
Tampouco foi gerado...
Tão fácil possuí-lo
Tão difícil retê-lo
Tão imenso...
Um romance no papel
Um beijo afetado
Um abraço no mundo
E algum pranto...
Tão fácil dizê-lo
Tão difícil distribuí-lo
Tão simples...
Uma jura desajeitada
Um homem e uma mulher
Um adeus acontece
E amor se despede...
Tão fácil dispensá-lo
Tão difícil defini-lo
Ele acontece...
Amor não é caridade
É o que se pode ser
A compaixão é amor
É invencível...
Tão fácil rascunhá-lo
Tão difícil enviá-lo
Tão humilde...
A vida só tem tempo para o amor
O tempo não inventa atalhos
A humanidade é pequena
E quer superá-lo...
Tão fácil musicá-lo
Tão difícil alimentá-lo
Tão presente...
É tudo o que possuímos de valor
Sob o céu e sobre a terra
Nada é mais que o amor
Uma asa divina...
Tão fácil declará-lo
Tão difícil reparti-lo
Sabedoria da alma...

25 de ago. de 2014

AFINIDADE

Para os que guardam o sol para as manhãs
Não esqueçam que hoje ainda haverá luz
Aos que escondem as noites insones
Cuidado, o dia chega sempre feliz
E de nada vale furtar as luas
Nem todas as estrelas são anãs...

Num canto do coração há um feixe de sonhos
Alicerçados a milhares de esperanças
Que só o amor gesta e as libera
Isto ninguém vende ou troca
É de quem vive e sente
Os dias, as vidas... Sempre risonhos

E quando apanhares uma nuvem distraída
Dissolva-a na boca de um sorriso azul
Um riso varre muita tempestade
O céu precisa ficar em paz
Não minta ao vento
Ventar é sua missão cumprida...

Para os que guardam muita saudade
Saibam que há espaço na alma
Aos que fogem de si mesmo
Mirem-se nos próprios atos
É inútil burlar a paciência
Amar e sonhar é pura afinidade...



23 de ago. de 2014

VIAGEM


O espaço fica pequeno quando a esperança chega
E quando a vida se farta
Os dias se alimentam de eternidade
Nem a saudade toma consciência
Porque nada explica o tempo
Ele nunca morre

E se viver é igual à flor, ao pássaro ou a água
Chega e vai embora feliz
É, pois de fato um lote de felicidade
Nasce sem idade, mas aqui
Como uma pergunta desiquilibrada
Que escondeu a resposta

Pois foi por causa de tanto amor e amar
Que assim o mundo se fez
Uma ideia plena de sanidade
Com humildade atravessou a ponte
Que une o que se quer
Para aquecer a viagem

Então, surge um limite para se andar
Tanto nas descidas, subidas, e até voar
Mas a sabedoria é grande oportunidade
Omissa à fatalidade dos sonhos
E vamos saboreando os perfumes
Que só este tempo possui.



16 de ago. de 2014

ENVELHECER


Envelhecer me parece um verbo sendo conjugado num tempo apressado
Amanhã é sempre um novo dia, mas é de manhã
Que o sol começa a entardecer
Tudo hoje tem o seu passado
Que vai passando
Para viver
 
Envelhecer é como ensinar alguém a dançar um tango sem ouvir a melodia
Pode ser uma valsa que ainda tem quinze anos
Teima em viver na minha saudade
Com uma cândida diplomacia
Vou dançar de rosto colado
Em cima da minha idade
 
Envelhecer é uma vergonhosa audácia de um tempo cínico e desequilibrado
A vida parece que tem pressa de ser feliz
Parece um mundo imenso
Mas todo meio quebrado
É um livro aberto
E muito denso
 
Envelhecer tem suspiros que doem, sorrisos que choram e saudades felizes
É que espero ainda pela sutileza da esperança
Pode ser que o relógio se atrase
Embora sejam severos juízes
Mas enlouquecem os dias
Sem dizer uma frase
 
Envelhecer não é enfim, aguardar que os olhos se percam num só horizonte
A viagem é planejada em todo amanhecer
O coração reflete a sabedoria
Guardada em uma fonte
Na meiga eternidade
É um adeus que a tudo se alia.
Irei envelhecendo como todo dia
Esquecer a maturidade...
Ela é insegura como ponte
E assim mesmo há a travessia
É preciso abraçar a vida com muito saber
Fechar esta porta sem uso, bem devagarinho antes que outra era desponte.
 

13 de ago. de 2014

CAIXA POSTAL


Todas as cartas estão em uma caixa postal.
Escondem-se as letras,
lágrimas, dores,
sorrisos, sonhos, amores...
Que ainda não postei.
Será minha dúvida um edital?

A chave? Nunca, nem orando encontrei.
Não sei como chegar ao paraíso
sem uma caixa de letras,
nem ao inferno
se não levar toda defesa.
São estes os descuidos que aqui deixei.

Papeis pautados de pequenos erros...
Já no bolor da paciência
onde o mundo é mundo todo.
Até podem as portas apagar-se,
mas todas deixam o sol entrar
nos envelopes destes desterros.

Subir ou descer ao infinito é grande paixão,
sempre que o pensar toca a alma.
Deixei lá toda a frase,
todo verso meio quebrado.
Nesta caixa está tudo escondido.
Tudo às avessas e sem compaixão.


8 de ago. de 2014

PARAÍSO

Quanta distância existe entre o tempo e o paraíso!
É desafio que não predisse
amar alguém sem coração...
Fazer correr de mão em mão um vento sossegado,
pensado que nunca será ventania...

Que eterna meiguice foi construída no céu com pássaros!
Não sei quem disse,
mas conhece o horizonte...
E quanto mais distante, mais perto de um paraíso.
O que irão fazer lá? Quero adivinhar...

É um desperdício de sonhos ficar parada à porta trancada.
Não há como partir do início
uma jornada para bem longe,
mesmo que o monge adivinhasse um destino,
estariam as eras sem os predicados...

Ah, e a solidão que faz guerra com o sentimento alheio,
e após sepultar a dor pede perdão?
Quanto cinismo orar pranteando
o tempo, que está chegando sem as chaves do paraíso!
E sabe-se de tanta incerteza...

5 de ago. de 2014

OLHAR


Os olhos passam indolentes
Serenos como sonhos imaturos
Sob um amor apressado
Que só ouve a lua
Esta cínica
Usurpadora!
Que também conhece paixões...
Mas suas conquistas são indiferentes.

O glamour de fartar-se de vaidades
Deixa uma tristeza vil no espelho
Que se iguala ao pranto
Um desalinho do equívoco
Tão sutil
Tão derradeiro!
Quanto vale iludir-se por uma dúvida
Se mais tarde tudo aparece nas saudades?

O que se vislumbra sobre os valores
São as singelas ilusões de sonhos
Alguns tão soberbos e tontos
Desapaixonadas manias
De amar
Desgraçadamente
O que o coração quer tão perto da alma
E a distância a encher a dor de flores.

Chama-se calmaria à relva sossegada
Tão pacata quanto os olhos da noite
É bem assim que se pranteia
Na quietude de outrora
Mas nada repousa
Onde há espera
Há tanta verdade num campo florido
Onde o olhar, há tempos já fez morada...