Maria
estava sem graça, e com desgraça latente e palpitante.
Desígnio,
pensou Maria, mal feito, é coisa de estreante,
Um
motejo, coisa de ‘Deus quem quis’.
Ah,
mas isto não é cabível, deve ser um mal esquizofrênico.
Acreditou
até que fosse algo raro, algo endêmico,
Algo
como o ditado, ‘ver pra crer’.
Maria
confessou ao padre e a Deus, mas era inglória, a vadia.
É
a cruz, pensou Maria, é destino, coisa daquele dia,
Quiçá
foi um engano, ‘diz-me com quem andas...’
Ah,
que infortúnio, deve ser mal crônico, hereditário.
Um
deslize, coisa frouxa, mas digno de comentário,
Por
assim dizer, ‘hoje é tão comum.’
Maria,
toda afetada, exibia à laia seu porte donzel.
Espúrios,
pensou Maria, querem meu nome no fel
É
um contraste de ilusões, ‘contar estrelas...’
Ah,
isso é inanição da alma, é uma aberração,
Foram
uns minutos sem gosto nenhum, e agora essa apelidação.
Que
se diga, ‘a Maria vai c’asotras’!
Maria,
na sua aflição, não é trouxa nem assombrada.
Inventice,
pensou Maria, coisa de mulher desgarrada.
Pode
ainda acontecer esses ‘casos de milagres...’
Ah,
isso não tira sono, é só suspeita, é teimosia,
Mas
sentir esse garrote no peito é uma agonia.
Então
no frenético raciocínio, ‘o que foi será...’
Maria
sentiu-se roliça na sua vaidade de mulher moça.
É
desatino, pensou Maria, a vida é que é insossa.
Preferível
é cantar, que se vá ‘ao Deus dará’
Ah,
isso é degradante, todo suplício nada adiantou,
Pose
desnecessária, a Maria engravidou.
Que
se diga agora, ‘quem planta colhe...’.