31 de mar. de 2014

LAVANDA

Adentrei em meu devaneio lúdico, com escassez de amor,
Com ideias nuas, pus-me a vaguear num campo de lavandas.
Ali jurei amores, traí impiedosa, um beijo infiel.
Avistei-o, estonteante, alucinado, ofertou-me guirlandas...

Dar-me, assim, evasiva a erodir apelos de delírios,
Exalando esta luxúria suada com sabor de lavanda,
Quase dantesca crônica a desvairar o êxtase dos santos,
Inconsequente fraqueza a razão, pensei, não sei por onde anda.

Um amor sem aparatos, com as mãos livres e ávidas.
Corpos quase embriagados a fazer juras insistentemente,
Por entre a inconsciência e a realidade tão fingida.
Desmazelados, envergonhados a mirar-se docemente.

Sugados pelas lavandas, ali saturados de jogos alheios,
Num fluir de cheiros, ver nas nuvens a estampa de uma paixão.
Afagar a volúpia, sem a palavra, e com o céu, todo na boca,
Acordar amada descalça como nunca, suspensa do chão.