10 de abr. de 2014

CANÇÃO DE NINAR

Vive uma canção no sono de ninar.
Nana neném, nana meu bem.
O mundo é vasto, é parco, temeroso,
Mas não nesta canção presente.
O sol se põe inocente,
A lua surge indecente.

Amanhã, bem de manhã,
Bem cedo, sem enredo,
Quando a relva tomou seu banho,
Nascem passarinhos a pipiar.
Deus disse que em seu lar
Haveria canções de ninar.

A bailar nas cordas das fadinhas,
Vem o sono do soninho
Despertar as fantasias da despreocupação.
Passinhos curtos de vida
Procurando rumo e ida,
Ficam sem pistas para a saída.

Vai nanando nenezinho miudinho.
Mil portas e portinhas ali te esperam,
Com barquinho a te levar para além mar.
No bosque espinho não faz ‘dodói’,
Deus disse: “poderás ser um herói.
Seja justo, e tu constrói”.

Fecha os olhinhos para ver o Universo,
Ali tem estrelas e estrelinhas.
Vem chegando o amanhã bem gigante,
Com uma conversa tola, doce...
De acreditar, nem que fosse,
Vais viver a vida de sabor agridoce.

Vai nanando criaturinha
Na inconsciência inconsequente,
Porque vais dormir tão pouco.
Esperanças te fornecerão a paz.
E toda esta inocência vivaz
De certeza, ficará para trás.