30 de abr. de 2014

RAMALHETES DE OUTONO

As tímidas flores do outono
Fecundam com o amor do verão
Mas gestam na primavera
Quando irão nascer nos jardins sem donos
Aqui, acolá...
Até dentro de um bom coração

Há ramalhetes de esperança sob as folhas
Que caem sem ofender estas sementinhas
Parece que Deus as quer só para Si
Sem nossa mão ou escolha
Envia anjos para as colorir...
Tirando até a vontade das avinhas

Os bancos que estão na praça
Almofadados de folhas coloridas
Esperam um ser apaixonado
Que lhe desperte todas as graças
Ah, a moça do ombro amorenado...
Lá se vão as florinhas das avenidas

Tenha calma, vento impetuoso, devasso!
Estás a tirar as vestes da Terra
Aqui neste outono
Há criaturas de todos os compassos
Frágeis, e até amenas...
Seja só aragem, não provoque guerra

As flores do outono são tímidas
Pequenas como o pio da ave no frio
Transformam-se em ramalhetes nas auroras
Pois para elas nada mais prima
Além do despudor do galho...
Nu, na árvore, as protege com seu brio.