17 de dez. de 2014

NOVIÇA


Quando era verdadeira a esperança que vinha do sonho
A idade não tinha pautas, datas ou escolhas
Eram manhãs madrugadeiras
Que batiam na porta do sol
Pedindo alguns raios
Um brilho para dança...
Então os pássaros traziam orquestras de sonatas

Dividia-se o riso com a distância sem existir pranto
Os esconderijos estavam na alma
As mãos afagavam as nuvens
Sem perfurar o céu
Cobrindo o universo de traços
Rebuscados pela infância...
Porque foi embora, saiu de cima da flor

Vestiu-se de torpe indumentária o humano que vive
Numa insistência sem fim
Para enganar toda a dor
Quão imensas são as estrelas
Quando se conhece metade do caminho!
Com a ferramenta necessária...
Para sondar os sonhos vagabundos.

Malogro este arfar de querer justiça com amor
Os pés não pisam um chão em guerra
Nem as mãos esmigalham ilusões
Que juntam as finitudes
Sempre que se alcança o devaneio
Numa tarde noviça...
E então, acorda-se para esperar.


16 de dez. de 2014

AMANHÃ


Há um início de vida numa guerra sem fim,
é quando sucumbem os homens
e sobram as armas...
Uma vida que vai andar solitária
sobre a trilha de uma esperança macabra.
Será assim.

Um mundo renascendo sem biografias,
repleto de sonhos e sombras arreliantes,
cumprindo promessas armadas
nos jazigos dos corações desabitados.
Quando de audácia a tristeza necessita,
para colocar sorrisos nos rostos dos dias!

Nem o amor soube guardar sua identidade,
porque ficou defasada a entrega de flores...
O agora já não é mais um tempo finito.
Está lá, escrito 'habite-se...'
Um pedido de amparo no corpo e n'alma do mundo.
Um coração a ser locado para a humanidade.



10 de dez. de 2014

A COLINA


Depois daquela colina pensei:
Se a vida findasse logo ali...
Caminharia até lá para saber
Sem crer
Sem esperar anoitecer
E nem morrer

Pode ser que haja muito silêncio
Um pouco do que almejo...
Uma grande orquestra
Tocando uma seresta
Um romance na floresta
Uma vida em festa

E se o tempo não me sorriria?
Ali ele não gostaria de me ver...
Sem um aviso pomposo
Num dia tão airoso
Com um coração assim doloso
Este outro lado ficaria furioso?

Ainda penso que haja dois lados
Duas verdades reais...
Depois de uma colina sem tino
Um caminho divino
Ao som de algum sino
Por onda passa o destino

Então não existem histórias sem fim
O que se conta inicia aqui...
O que já se ouviu ainda amadurece
Na esperança que enobrece
Na saudade que acontece
E eu só li uma prece...