Se Deus não perdoasse as faltas,
e faltasse com as sementes,
desgarrado seria o homem,
que sem graça
não colheria as flores,
que da terra engraça
como humilde presente.
São cinzas, as aquarelas do medo,
e amedrontada fica a procura
onde o luar esconde o amante,
sob um sol de meia taça,
de uma verdade que ilude
os alheios e tontos na praça,
findando assim, a jornada impura.
Mas se Deus questionar a criatura,
crendo em pontes e espessuras,
vai cobrar do caos até a doçura,
espremendo da solidão sua penúria.
O homem tanto orou para catar ovelhas,
que chamou toda injúria,
para morrer de amarguras.