30 de mar. de 2014

CHUVA

Quando vem a chuva,
nem todos se escondem,
nem a simplicidade é tão singela.
É a terra que se banha
na canção das nuvens,
sob a vida.
A nossa, a que não existe mais...
Toda a vida,
e aos pássaros que respondem.

O sol com seu sorriso molhado
enamorado da lânguida era
que está a criar o caos
sob um grão de areia serenado,
e quando a chuva cai no mar
é o universo que rerflete
através de uma estrela,
e por sobre algum escombro
de uma história que lacera.

Quando amanhece o dia de chuva
o sorriso das árvores se envaidece
com um guarda-chuva irado.
Ele não guarda nada...
É como se a lama escorresse
de um sapato sem ser calçado,
então as vidinhas dos insetos
louvam ao alimento da água.
Até eles sabem que a vida é uma prece.

O dia fecha as portas para os omissos,
os que só sonham na noite,
e se a lua se pendura num relâmpago,
chega o poeta e a desprende.
Tenta enxugar-lhe o desespero,
que a deixa fincada só na madrugada.
Depois que o vento secou a água,
e pode ser do pranto, ou do céu...
Chega a saudade vagabunda tal qual um açoite...