25 de mar. de 2014

CANTO DOS SINOS


Talvez a espera não perturbe o silêncio das vozes da alma
É que ser provável é ser inédito, basta ter calma
Quando os sinos badalam, os pássaros fogem das vozes
Dos homens que caminham sob o sol em meios atrozes
Nada na quietude espanta o pensamento que ilumina
Toda oração que o grito da vida implora, clama e anima

Na longínqua serenata que as ninfas criaram para o amor
Poucos corações foram encontrá-las ainda em flor
Porque o desencanto tornou-se mágoa contrita
Dois amores à cata de pássaros e sinos em prosa desdita
Foram-se em retalhos mal colocados num sereno abraço
Por onde a verdade do amor é bem mais sólida que um passo

E todo dia em desvario e choro, o medo da perda insana
Que a incapacidade faz crer que a distância engana
Numa sensação de desamparo em meio a sonhos mal feitos
Mas que o amor ensina a amar com ou sem jeitos
Podem os sinos fazer os pássaros voarem calados para o infinito
Mas não pode o homem imiscuir-se do que no amor está escrito