15 de fev. de 2014

DESENCANTO

Vou de encantos e de encontros,
Abismada com tantas janelas abertas
A fazer-me festas,
Tantos crimes, tantos contos.
Venho de amores imaturos e obscuros,
Qual poeta relapso,
Descartado de seus atos, desnutrido de créditos,
Palmilho incerta a palavra que ganho,
Dos que se insinuam a cativar amor estranho.
E desse olvidar e amar
Custa-me a vida,
Que derradeira se esgueira
Pelos beirais do romantismo.
E se lamento a perda, cobre-me o lirismo,
Então desencanto, mas seco o pranto,
Fatigada com pouco ou nada,
Sou um peitoral de janelas,
Que só deixaram-me frestas
Por onde agora passa uma réstia,
De um amor que julgou o tempo, e só fez festa.
Ainda tento fechar a janela,
Após tantas lutas e querelas,
A mirar a morte escrita numa Estela.