Os animas que estão na rua
São meus parceiros de infinito
Ouvindo seus gritos
Sinto toda agonia
Das verdades que o homem usa
Sem serem suas
Este homem chuta a relva
Chuta o ventre de sua vida
Chuta o balde
Chuta sua própria agonia
Quando a paz vagueia nas dores
É com ela que negocio a luta
Verdades não são prostitutas
Sinto um desvario
Vendo homens na idolatria
Qual párias sem seus amores
Quando a terra enterrar lamentos
Enterro de miseráveis
Enterro das saudades
Enterros inúteis
O vazio cai no fundo de um poço
E ali fisgo a esperança de compreender
Vou ler e saber
Que piedade não é privilégio humano
Sinto os acordes dos prantos
Que os homens escondem nos fossos
Todo homem oculta sua morte no desprezo
Oculta a vida do saber
Oculta o caminho
Oculta e encurta seu futuro.