Meu verso está pendurado num canto da lua
Com endereço clonado em fuga célere
Sempre que o alcanço as ideias se espantam
Numa rima sem ranço, sem sonho noturno
É este lado cão que ignora a matilha
E retalha a ação no tempo que definha
Tanta é a ironia de viver com a vida
Que sem ousadia não há verso inteiro
E se declamar um pranto de adeus
A insanidade ganha o encanto ao omitir-se
Nos enganos tiranos dos deboches do destino
Nestes versos mundanos declaro o infinito
Ilude-me a magia da flor na chuva de verão
Porque meu alvor se aproxima do inverno
Poupo o tempo igual à necessidade de viver
Da terra alimento minha vida de estreante
Esperando este verso cair em alma crua
No meu regaço imerso de outras loucuras.