A sombra foi andando com
medo do tempo
Quanto mais andava
Mais endoidava
E o tempo ridículo, ria
deste incremento
É que a vida não foge
com disfarces.
Nem vai ficar como
alento
A face que reflete no
espelho da parede
Não vai deixar a verdade
emitida
É mentira invertida
Mesmo que o universo
segrede
Para a sombra, vida ou
toda esperança
A realidade ri-se assim,
adrede...
Lança-se as mãos para um
céu colorido
Das nuvens fazer moradas
Brancas e enxaguadas
Como uma casa com
telhado indefinido
A espera que o tempo a
proteja
De um sonho bem antigo e
já corroído
Ah, mas a vida não possui
tempo para sobras
Nem o tempo para esperas
Ora, deveras
Por mais que se sejam
concluídas as obras
De uma existência de
idas e voltas
Será a consciência infinita
cheia de dobras.