20 de jun. de 2014

LADEIRA


Quantas vezes o tempo sobe trôpego
a ladeira de uma vida!
E são tantas as subidas
quem nem o vento,
a dúvida e a morte
carrega o que sustento.

Se a alma é invento, quão correta é sua jornada,
neste tropel de esperanças!
Um querer por inteiro
sem nenhum invento.
Nem sonhar é obrigação,
mas em mim é todo incremento

Nem sempre a morte cerra os olhos da eternidade,
quando aqui adormece a vida
na calada da ilusão,
nem se compra argumento,
para tanta omissão
deste meu tempo avarento.

Sobe suarento este dia que entorna a noite,
esparramando ladeira abaixo
tanta porta fechada!
Sem nenhum aposento,
para guardar tanta imaginação
no fundo do  meu sonho atento.