15 de jun. de 2014

ALGUNS SONHAM


Vou tentar fazer armadilhas para os sonhos
Tente também
Mesmo se não os tem
Apanha-os ainda jovens
Antes que o tempo os alimente em demasia
Pois obesos e lentos
Não obedecem a ninguém

Os sonhos não cantam igual aos pássaros
Prenda-os com o coração
Verás, é em vão
É temerosa sua hierarquia
Nunca repousam, e jamais ficam ocultos
Tente dar-lhe guarida no cinismo
E não conhecerás nem o perdão

Dito isto, ou aquilo de todos os outros e noutros
É conflitar-se em demasia
Parca fantasia
Tentar aprisionar um punhado de sonhos
Ora, tente com a audácia
Mesmo que o medo te roube a chave
E a impetuosidade te leve a afasia

Não há verbo que se conjugue fora do tempo
Tenha paciência
Para com teus devaneios sem audiência
Sonhos não são conselhos
São partes descabidas de uma vontade torta
Que nem o Universo consegue deter
Pois seu ninho favorito é a aparência.