Vou tentar fazer
armadilhas para os sonhos
Tente também
Mesmo se não os tem
Apanha-os ainda jovens
Antes que o tempo os
alimente em demasia
Pois obesos e lentos
Não obedecem a ninguém
Os sonhos não cantam
igual aos pássaros
Prenda-os com o coração
Verás, é em vão
É temerosa sua
hierarquia
Nunca repousam, e jamais
ficam ocultos
Tente dar-lhe guarida no
cinismo
E não conhecerás nem o
perdão
Dito isto, ou aquilo de
todos os outros e noutros
É conflitar-se em
demasia
Parca fantasia
Tentar aprisionar um
punhado de sonhos
Ora, tente com a audácia
Mesmo que o medo te
roube a chave
E a impetuosidade te
leve a afasia
Não há verbo que se
conjugue fora do tempo
Tenha paciência
Para com teus devaneios
sem audiência
Sonhos não são conselhos
São partes descabidas de
uma vontade torta
Que nem o Universo
consegue deter
Pois seu ninho favorito
é a aparência.