De líquido
manto inspirador
Carrega em teu
dorso o canto
Conduz a dor
e o pranto
Do amante ao
pescador
Em cascatas
chora despedidas
Mas é em
gotas que implora
À paz que foi
embora
Para bueiros
levando vidas
Se não
paralisasse meu peito
E tua
vertente não secasse
E minha alma
aqui ficasse
Deitar-me-ia
em teu leito
Mergulhei
criança em teus braços
Apesar de
manter a esperança
Ainda peco
por desconfiança
Porque são
fortes os nossos laços
Meu doce,
solitário e lento rio
Não quero
ver-te num sudário
Sei que
subirei o calvário
Porque tua
vida está por um fio.