15 de jan. de 2014

AO RIO QUE PASSA


De líquido manto inspirador
Carrega em teu dorso o canto
Conduz a dor e o pranto
Do amante ao pescador

Em cascatas chora despedidas
Mas é em gotas que implora
À paz que foi embora
Para bueiros levando vidas

Se não paralisasse meu peito
E tua vertente não secasse
E minha alma aqui ficasse
Deitar-me-ia em teu leito

Mergulhei criança em teus braços
Apesar de manter a esperança
Ainda peco por desconfiança
Porque são fortes os nossos laços

Meu doce, solitário e lento rio
Não quero ver-te num sudário
Sei que subirei o calvário
Porque tua vida está por um fio.