1 de jun. de 2015

NADA SERÁ


Se um dia não houver solidão
Como encontrar os mistérios?
E o que dirá o paraíso
Se não houver nenhuma oração?
Pode ser uma melodia
Sem nostalgia
Quem diria
Que a dor sorriria?

Se um dia os pássaros cantarem para si
Como saber se ainda nos veem?
O que será dos anjos
Que possuem seu lar aqui?
Pode ser um engano
De morrer sem dano
Ao despencar de um ramo
Então, de quê reclamo?

Se as pedras todas quiserem ser areias
O que fará a garbosa montanha?
E o que será dos penhascos
Sem o cantos das sereias?
Pode ser tudo em vão
Uma suspeitada alucinação
Será pior que aflição
O choro de um cão?

Se a música resolver calar de repente
Na boca dos que erguem as mãos?
Não será toda a ilusão
Um grandioso acidente?
Pode ser que o correto seja errado
Para um amor algemado
Será que enviará um recado
Para um coração alienado?

Se um dia não houver mais chão
Como encontrar os caminhos?
E o que dirá o destino
Se ficar sem nenhuma missão?
Pode ser mera poesia
Que só vive de magia
Quem diria
Que até no pranto há alegria...?