Se um dia não
houver solidão
Como
encontrar os mistérios?
E o que dirá
o paraíso
Se não houver
nenhuma oração?
Pode ser uma
melodia
Sem nostalgia
Quem diria
Que a dor
sorriria?
Se um dia os
pássaros cantarem para si
Como saber se
ainda nos veem?
O que será
dos anjos
Que possuem
seu lar aqui?
Pode ser um
engano
De morrer sem
dano
Ao despencar
de um ramo
Então, de quê
reclamo?
Se as pedras
todas quiserem ser areias
O que fará a
garbosa montanha?
E o que será
dos penhascos
Sem o cantos
das sereias?
Pode ser tudo
em vão
Uma
suspeitada alucinação
Será pior que
aflição
O choro de um
cão?
Se a música
resolver calar de repente
Na boca dos
que erguem as mãos?
Não será toda
a ilusão
Um grandioso
acidente?
Pode ser que
o correto seja errado
Para um amor
algemado
Será que
enviará um recado
Para um
coração alienado?
Se um dia não
houver mais chão
Como
encontrar os caminhos?
E o que dirá
o destino
Se ficar sem
nenhuma missão?
Pode ser mera
poesia
Que só vive
de magia
Quem diria
Que até no pranto
há alegria...?