Tão fácil falar com a
boca cheia de ideias
Quando a vida é um prato
cheio
Uma mesa posta
Um cálice de água
E uma oração pequenina
No meio de um anseio.
Simples metáforas
pregadas numa parede
De um sonho que ainda
gesta
Na tela imatura
Toda nua, sem matiz
E um pincel enlouquecido
Crendo que iludir seja
uma festa
E os corredores deste
hemisfério de ilusões
Pecam pela decoração
acintosa
Nos absurdos dos ímpetos
Sobem e descem escadas
Como fantasmas
De uma saudade vaidosa
São tantos os tempos que
foram acorrentados
Que até o coração fala
desconfiado
Igual ao medo
Que urge no agora
Todo pintado de nuvens
Nas meras ideias de um
dia endiabrado.