16 de ago. de 2014

ENVELHECER


Envelhecer me parece um verbo sendo conjugado num tempo apressado
Amanhã é sempre um novo dia, mas é de manhã
Que o sol começa a entardecer
Tudo hoje tem o seu passado
Que vai passando
Para viver
 
Envelhecer é como ensinar alguém a dançar um tango sem ouvir a melodia
Pode ser uma valsa que ainda tem quinze anos
Teima em viver na minha saudade
Com uma cândida diplomacia
Vou dançar de rosto colado
Em cima da minha idade
 
Envelhecer é uma vergonhosa audácia de um tempo cínico e desequilibrado
A vida parece que tem pressa de ser feliz
Parece um mundo imenso
Mas todo meio quebrado
É um livro aberto
E muito denso
 
Envelhecer tem suspiros que doem, sorrisos que choram e saudades felizes
É que espero ainda pela sutileza da esperança
Pode ser que o relógio se atrase
Embora sejam severos juízes
Mas enlouquecem os dias
Sem dizer uma frase
 
Envelhecer não é enfim, aguardar que os olhos se percam num só horizonte
A viagem é planejada em todo amanhecer
O coração reflete a sabedoria
Guardada em uma fonte
Na meiga eternidade
É um adeus que a tudo se alia.
Irei envelhecendo como todo dia
Esquecer a maturidade...
Ela é insegura como ponte
E assim mesmo há a travessia
É preciso abraçar a vida com muito saber
Fechar esta porta sem uso, bem devagarinho antes que outra era desponte.