Envelhecer me
parece um verbo sendo conjugado num tempo apressado
Amanhã é
sempre um novo dia, mas é de manhã
Que o sol
começa a entardecer
Tudo hoje tem
o seu passado
Que vai
passando
Para viver
Envelhecer é
como ensinar alguém a dançar um tango sem ouvir a melodia
Pode ser uma
valsa que ainda tem quinze anos
Teima em
viver na minha saudade
Com uma
cândida diplomacia
Vou dançar de
rosto colado
Em cima da
minha idade
Envelhecer é
uma vergonhosa audácia de um tempo cínico e desequilibrado
A vida parece
que tem pressa de ser feliz
Parece um
mundo imenso
Mas todo meio
quebrado
É um livro
aberto
E muito denso
Envelhecer
tem suspiros que doem, sorrisos que choram e saudades felizes
É que espero
ainda pela sutileza da esperança
Pode ser que
o relógio se atrase
Embora sejam
severos juízes
Mas
enlouquecem os dias
Sem dizer uma
frase
Envelhecer
não é enfim, aguardar que os olhos se percam num só horizonte
A viagem é
planejada em todo amanhecer
O coração
reflete a sabedoria
Guardada em
uma fonte
Na meiga
eternidade
É um adeus
que a tudo se alia.
Irei
envelhecendo como todo dia
Esquecer a
maturidade...
Ela é
insegura como ponte
E assim mesmo
há a travessia
É preciso
abraçar a vida com muito saber
Fechar esta
porta sem uso, bem devagarinho antes que outra era desponte.