Ah,
se eu soubesse o que existe mais adiante...
Se
eu soubesse que após o ‘adiante’ ainda se segue para frente!
Se
eu soubesse que tanto futuro existe, é provável que eu andaria sem sonhar em
voar.
Mas
os dias me prometem asas, os meses adivinham estações, os anos meus cabelos
brancos...
E
eu sonhando em voar!
Se
alguém me perguntasse: mas voar para onde? Ah, são tantas as terras, os portos,
as estações…Aeroportos? Para quê, se estaria a voar?
Então
há dilúvios nas nuvens... ou será verdade que cada uma contém história
aconchegantes? Há pezinhos de anjos que as afofam, e poderiam conter também
todas as mentiras... Sei lá. Meu voo é rasante. Vês, joaninha o quão eu te
invejo? Não temas a mim.
Posso
sim, colher a flor em que te aninhas, mas a flor eu domino, e não teu voo.
E
cá estamos nós a burlar fantasias.
Se
eu entendesse das ciladas do destino, iria residir com os pássaros, eles sabem
fugir das tempestades, não entendem de ‘adiantes’.
É
provável que eu não consiga me despedir sem soluçar. Como doem as partidas!
Como
demoram a sarar as feridas!
E
como ficam marcadas as cicatrizes!
Continuo
na busca de um lugar onde as saudades murmuram realidades. Não perdoarei o
oportunismo se acaso as encontrar...Meu Deus, só com asas chegarei lá!
Que
verbo imaturo este que impulsiona tantos sonhos em versos que a vida escreve,
bem sei, tudo está escrito na primeira estrofe, o final já está a voar...
Por
que a vida é tão bela no final do dia, e tão duvidosa na madrugada?
Quem
predisse que morrer é morte?
Não
sou uma haste sem vida, tampouco uma flor, mas ainda uma borboleta poupando as
asas. E o que me dizes joaninha, se isto fosse verdade? Ah, não irias gostar de
ver minha metamorfose.
Isto
aconteceu lá adiante, distante de onde ainda nada conheço.
Ainda
hão de afugentar os medos de todos estes instantes inoportunos, que chegam
desvairados escancarando as parcas portas de meu coração.
Na
verdade, tento pensar...Não há solução.
Tantas
eras…
Perdão.
Não lembro aonde guardei minhas asas.