Não há chuva,
não há vento
Só há portas
Só abrem as
janelas
Sacodem os
tapetes
Limpam as
vidraças
Acendem um
fogo
Apagam a luz
Cozinham
Sempre que
dizem assim é.
E vem a
tempestade insana
Surge o medo
Corre-se de
farpas
Molham-se as
lágrimas
Caem todas as
folhas
As flores
voam
A criança
chora
Zombam
Sempre que
dizem vai passar
Um dia a vida
mudo de trajeto
O destino dá
adeus
A estrada
fica deserta
O pó levanta
cansado
O doente
enxerga a lua
O padre finge
compaixão
O funeral
está pronto
A vida fechou
a porta
Oram
Sempre que
dizem adeus.
O povo teme a
perda do lar
O bruto detém
a força
O pobre é
esperança
O rico cheira
a escassez
O que pode,
pode
O que não
pode, pede
A tristeza é
gulosa
A miséria é
sutil
Injustiçam
Sempre que
dizem é alienação
Um dia o
tempo vai fazer cobranças
A alma vai
querer o absurdo
Do humano
despido
E assim vão
navegando
As promessas
ignotas
Passarão, contudo
Ferindo as
feridas
Com curativos
baratos
Pregados
Sempre que
dizem amém.