16 de ago. de 2015

AMANHECER


Este amanhecer que me parece uma saudação
Foi forjado com a felicidade da vida
Há quem fale de infelicidades
Até em morrer de suicídio!
Oh, como ainda não sabem
Que a vida é uma solução!

Não há querer que não procure um grande amor
Que anoiteça bebendo um crepúsculo
Pintado ao léu ou por Deus
Que seja! É infinito
E também verdadeiro
Como um jardim e uma flor!

Que néscio e frio este vento que vem do orvalho
Não me parece astuto este soprar
Querem cobertores para a lua
Que calamidade!
O sol está a rir-se
Porque a beleza quer agasalho

E amanhece. Amanhece como um dia de festa
A mim parece que sou feliz
Outros sentem-se avariados
Que incautos!
É só abraçar o Universo
Ele está a tocar sempre uma seresta

As finitudes da madrugada são todas traiçoeiras
Ao ébrio cabe-lhe a solidão
Ao sóbrio uma labuta incerta
Multidões de sonhos!
Uma insensatez de alvorada
E todas ficam solteiras

Assim, o dia inicia como uma alcoviteira bem intencionada
Parece-me que uma chuva se avizinha
A fingir certa relevância
Ai, que traição!
Ah, como as nuvens mentem
Para esta próxima jornada!