E quando
olhares para as minhas mãos
Verás que não
tive piedade delas
Nem elas se
apiedaram de mim
Valeram-se do
ofício de agir
Na inocência
juntavam-se para brincar
Na juventude
para acenar
Na maturidade
para orar
Minhas mãos
têm a idade de todas as eras
Se no passado
colhiam dores
Para
transformá-las em alimento
É para hoje
te saciar
Durante o
sono ficam imponentes
Durante as
dores, impacientes
Durante as
esperas, sobre os ventres
As mãos
dadas, dadas com a esperança
Calosas e
suaves como a fé
Ornadas com
os elos de toda experiência
Capaz de
movimentar o silêncio
Na guerra com
outras mãos se despedem
Na miséria
juntam-se à alma que as hospedem
Na paz
entregam o coração aos que pedem
E quando
olhares para as minhas mãos
Verás que o
labor nelas está escrito
Nem as
dúvidas lhe negam o tato
Valendo-se da
vida para moldar
Ornaram os
vasos com flores ditosas
Ornaram as
dores mais caridosas
Ornaram
amores com muitas prosas.