Penso que escrevi bem indefinido
um poema casual, todo banal
Metade de uma página
imortal
Outra metade informal
Delírio fatal
É como uma tecla de um
piano semitocada, surreal, nada genial
Um texto indelével e
outonal
Não será nada original
Portanto, sem final
Se falo de amores, d'uma
grande saudade crucial, não é bom sinal
É meu dever quase
passional
Só escrever, afinal
Sou racional
Quando os pensamentos
ficam em estado terminal um caos invernal
Amasso este rascunho
brutal
Rasurado num jornal
Em diagonal
É porque já é tempo
emergencial para eu desfazer todo este nulo pedestal
Minha lágrima não é
feita de cristal
Posto tudo isto como
arsenal
É poesia criminal
Tanta mesura faz um
sonho matinal para uma inspiração louca e frugal
É assim, sem paixão
formal
Igual cantiga de Natal
E uma dor mortal...
Que penso incondicional,
tratar-se estupidamente
De um poema esmigalhado
e incoerente
Meu caro mestre
incompetente,
Vou me excluir
definitivamente.