12 de fev. de 2013

Ruídos


Estes ruídos que poderiam estar mortos
a beira de precipícios,
poderiam nem existir.
Jogados e tortos,
hoje julgam meus auspícios,
e como ontem,
adiante e sempre
meus pés consomem pedras, e até risos.

E se o silêncio falar mal de aventuras,
confabulam com ruídos moucos
sem mendigar vida
em sua candura.
Juraria que todos estão loucos.
Vai seguindo errante,
por trevas enluaradas
meus pequenos planos e até meu juízo.

Quando a esperança balouça o pequeno sonho,
é hora de libertar os ruídos,
abandonar o porto,
seguir uma liberdade sem tamanho,
ouvir do passado seus gemidos.
Mas eu penso que o sofrer não é de agora,
é para o pobre e para o rico,
um ruído constante.

2 de fev. de 2013

Pequeno Ofício




Algo se assemelha ao vento quente
Quando julgo orar inclemente
Num sofrível dilema de pouco alento

Imaculada é minha prece surreal
Dedicatória ínfima, um amém banal
Fazer crer no que não creio, assim parece

Dilema, este, que me acusa ofício incerto
Lascas de um tempo afoito e esperto
Qual uma súplica desnorteada em sacrifício

É como pedir uma graça jocosa em manifesto
Jurar inocência nem sempre é protesto
Mas orar, Senhor, também não é ser religiosa.

Como Criar Borboletas


Apanhe um sonho qualquer
No mundo onde estiver
E a ele adicione a paz
Não fuja das bruxas
Nem se esconda do instante
Porque não está distante
A humilde simplicidade de ser

Coma um doce de festa
Feche os olhos em fresta
E diga sim ao teu prazer
Saboreia os espaços da vida
Porque a brisa não tem refrão
Compreenda teu coração
Só assim sairás do casulo

Se conheces as flores
Então não sentirás tantas dores
Teça asas para toda existência
E rogue ao destino para que elas não se desprendam
Aprenda a colorir a distância
Pois parte dela é tolerância
Então sim, voarás

Adicione ao léu teu futuro
Assim em teu lar não existirá muro
Persiga uma farsa, um sonho
Esconda-te na fantasia
E quando decifrares as cores
Descobrirás malgrado, a diferença dos sabores
Saberás que limites não são doces imortais

Apanhe um sopro de luz
Igual a estrela que te seduz
Bem no imo de todas as igualdades
Retenha toda audácia do amor
E agora, que o voo já alçastes
Mostre ao Universo o que criastes
E por piedade, não fuja desta árvore