25 de jan. de 2017

VERBOS


Se um dia o verbo me fugir
E a alma me deixar para trás
Assim como fazem os vagões
Sob os trilhos de um trem
Sem pedir licença às distâncias
Ou pedir em demasia...
Quem sabe?
Serei somente eu?

Farei viagens tão longas e coloridas
Que jamais um livro poderia descrever
Perder, perder-se toda a esperança
Lançar-me-ei sobre a vida
Em total algaravia
Como águia desorientada...
Por que não?
Há algum teto no mundo?

Libações não serão somente para deuses
Há tantos oráculos nos meus dias
Quanto a gratidão de viver
Em tantos caminhos
Todos com bifurcações
Estradas de pedras...
Como existo?
Se ainda não voltei?

Perdi o rumo do silêncio das noites
Que demitem o sol sem ventar
Mas mantenho a luz
Que roubo dos olhos dos animais
Sem perder minha audácia
É minha esta divagação...
Deve ser assim?
Ou necessito de candeeiros?

Falo por versos porque são verbos
Arrogantes como a gramática
Uma empatia que vibra no coração
Em torno de meu pensar
Que não digo tudo e nem todo
Não penso que somente escrevo...
Serei testada?
Há outra maneira de falar?