18 de jun. de 2015

PARA AONDE IR


Há sonhos que parecem que nascem do meio do outono
Outros só acordam em setembro
Há outros ainda, e tantos
Que esperam dezembro
Mas os meus são medonhos
Estão sempre sonhando
Em qualquer pesadelo

Há caminhos que fogem levando todos os espaços
Outros gostam de dias frios
Há tantos vivendo a fugir
Que acabam descendo os rios
Mas os meus são bons vizinhos
Estão sempre caminhando
Em qualquer meio fio

Há dias que acontecem por um acaso do entardecer
Outros raiam como nubentes
Há outros enfeitados de nuvens
Que fingem-se ausentes
Mas os meus degustam mitologias
Anseiam diariamente
Sempre  a mais criações

Há pessoas que aguardam um olhar, um abraço, algum quê...
Outras encontram o tempo perdido
Há outras que querem perder tudo
Mesmo esquecendo um pedido
Mas eu, ando das popas à proas
Estou sempre pessoalmente
Aqui ou não sei aonde...



13 de jun. de 2015

PECADO FINAL


Espera, o tempo é de graça
A humildade não cansa
E o mundo tem a paciência
Dos pombos da praça

Eles não querem saber para onde vão
Nem tua procura insana
Os teus sonhos atordoados
Afogados numa ilusão

Deixa a tua dúvida calada
Ninguém a conhece como tu
Acalma o teu julgar bruto
Veja, há lodo na água parada

Espera num caminho conhecido
Deixa o atalho para o tolo
Nem sempre vencer é vitória
Não deixes teu sonho envaidecido

Há muito, o Universo cria
Lá, nada voa, tudo anda
Se queres a vida com pressa
Faça tua própria alegoria

O conselho é um pecado final
Seja moroso com teu andar
Até os pombos sabem
Que só a alma é imortal.


1 de jun. de 2015

NADA SERÁ


Se um dia não houver solidão
Como encontrar os mistérios?
E o que dirá o paraíso
Se não houver nenhuma oração?
Pode ser uma melodia
Sem nostalgia
Quem diria
Que a dor sorriria?

Se um dia os pássaros cantarem para si
Como saber se ainda nos veem?
O que será dos anjos
Que possuem seu lar aqui?
Pode ser um engano
De morrer sem dano
Ao despencar de um ramo
Então, de quê reclamo?

Se as pedras todas quiserem ser areias
O que fará a garbosa montanha?
E o que será dos penhascos
Sem o cantos das sereias?
Pode ser tudo em vão
Uma suspeitada alucinação
Será pior que aflição
O choro de um cão?

Se a música resolver calar de repente
Na boca dos que erguem as mãos?
Não será toda a ilusão
Um grandioso acidente?
Pode ser que o correto seja errado
Para um amor algemado
Será que enviará um recado
Para um coração alienado?

Se um dia não houver mais chão
Como encontrar os caminhos?
E o que dirá o destino
Se ficar sem nenhuma missão?
Pode ser mera poesia
Que só vive de magia
Quem diria
Que até no pranto há alegria...?