26 de abr. de 2013

ÉS TU





Quem és tu, que observas o tempo
Como voraz caçador
Que apieda-se da presa...?
Que ainda não sabe perder-se
Abandonar-se
Nem temer a morte.
Mas te querem sem o momento
Um instante
E vai-se com o vento.

Serás tu, um anjo que amou em demasia
Sem temer os pesadelos
Dos homens conflitados...?
Que não sabem amar-se
Ou encontrar-se,
E vivem de apelos
Sugam os sonhos dos dias
Nos contrastes
Qual vaidosa e sonhadora Maria.

Sei que és tu, com um olhar felino
 Acaso tens pudor
Das trevas ou das luzes?
Tantas vezes vivi para perder-me
Ou esconder-me
E sempre estivemos juntos
Dentro ou fora de um ninho
À deriva da vida
Como mero inquilino.

24 de abr. de 2013

PASSADO

(Tela de Steve Hanks)


Ontem foi passado,
e nada foi passado à limpo
da memória.
Ficou no passado
tudo o que o futuro esperou.
A lembrança é presente,
que não deve ser agradecido
porque é embrulho do tempo,
é uma música doce,
gelada como o medo.
Depois vem a saudade com cara de sempre.
Pilar estúpido
de todo arrependimento,
Chora enlutada sobre o passado,
crendo que ontem é culpa do amanhã.

23 de abr. de 2013

AMIZADE




Sempre, quando a saudade chega sem nome, é no passado que se buscam forma,  cores... Os nomes.
Ah, os nomes!!!
Uns não gosto de chamar saudade porque um dia deverei visitá-los...
Já, uns tantos outros, estes sim, chamo de saudade porque tem nome, cor e forma, e chama-se 'amizade que está longe'. E toda vez que lembro vai um pensamento tão cheio de carinho, que esta pessoa tem por obrigação sentir-se feliz.
Eu deveria ir ao encontro deste sentimento, como se aqui lutasse para sobreviver a isto.
No entanto, as vidas de cada um possuem asas que só o infinito sabe manejá-las, é por isto então, que nas minhas asas carrego vestígios de tudo o que ainda posso juntar: punhados de abraços apertados, muitas risadas, tropeços... Imensa vontade de rever, e isto é meio pesado, e por isto às vezes meu voo é rasante, as asas umedecem num pranto quietinho... E fico a pensar... Se ainda voamos tudo o que tínhamos para voar, porque saudade não tem fim.